terça-feira, 27 de outubro de 2009

A falta que nos move



Brasileiríssimo filme de estréia da carioca Christiane Jatahy, com uma proposta diferente e interessante. Cinco atores chegam a uma casa – que a é a casa da própria diretora – existe um roteiro que será filmado ininterruptamente, com improvisações e durante a gravação eles recebem torpedos no celular para guiá-los.

Fui ver o filme no Cinesec na programação da 33º Mostra Internacional de Cinema - que está acontecendo em São Paulo até 5 de novembro – e tive a sorte de na sessão em que fui estar a própria Christiane Jatahy, que abriu espaço para debate após o filme.

Foram gravadas por mais de treze horas, histórias reais se misturam com a ficção, tudo se passa em apenas uma locação... Mas não foi isso que mais me impressionou e sim os bons diálogos, a naturalidade da situação, as boas atuações. Histórias verossímeis, sem clichês, sem “forçar” a barra... Se por um lado eu ficava me perguntando o que seria ficção ou não, por outro me envolvi muito com os personagens e tudo parecia muito real.

É tão frustrante sair de casa e assistir algo previsível, enfadonho, que não consegue sequer te entreter por uma hora e meia... Mas quando o filme cumpre seu papel você sai do cinema ainda se deliciando com a experiência e às vezes até se dedica até um tempinho para fazer uma reflexão sobre, como estou fazendo agora.

Um processo de construção da ficção realmente diferente... O texto excelente discorre sobre relacionamentos, amizade, uma geração sem utopias. Christiane estudou sobre padrões de repetições comportamentais baseados no nosso sistema familiar e que levamos para a vida. Ausências que não conseguimos preencher e como essa busca nos dá movimento. Isso é o que estrutura o argumento do filme, de forma sutil e excepcional.

Gosto muito de ir a Mostras e Festivais e me surpreender. Às vezes positivamente, outras vezes negativamente, mas de me surpreender.
Assistir a filmes que estão fora do grande circuito, novas possibilidades audiovisuais, outras formas de pensar o mesmo, isso é fantástico.

Aprovei A falta que nos move. Afinal é no vazio que existe a possibilidade do infinito...

Um comentário:

  1. Ana,
    Parabéns pelo blog... que legal saber que vc está em busca de seus sonhos!!! Desejo a vc muitas realizações.
    Saudades,
    Mayra
    avental de história

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